Pessoas vespertinas, que têm o hábito de ir para a cama durante a  madrugada e dormir até o meio dia, por exemplo, só irão começar a  produzir seus hormônios por volta das 5 da manhã. Isso fará com que  tenham dificuldade de ir para a cama mais cedo no outro dia e,  consequentemente, de acordar mais cedo. É um hábito que só tende a  piorar, porque a pessoa vai procurar fazer suas atividades durante o  final da tarde e a noite, quando tem mais energia.
O  pesquisador Luciano Ribeiro Jr. da Universidade Federal de São Paulo  (Unifesp), especialista em sono, explica que esse distúrbio pode ser  genético: "Pessoas com o gene da ‘vespertilidade’ têm predisposição para  serem vespertinas. É claro que fator social e educação também podem  favorecer”. Mas não se sabe ainda até que ponto o comportamento social  pode influenciar o problema. 
A questão, na verdade, é que  o vespertino não se encaixa na rotina que consideramos normal e acaba  prejudicado em muitos aspectos. O problema surge na infância. A criança  prefere estudar durante a tarde e não consegue praticar muitas  atividades de manhã. Na adolescência, a doença é acentuada, uma vez que  os jovens tendem a sair à noite e dormir até tarde com mais frequência. 
A característica vira um problema quando persiste na fase  adulta. “O vespertino é aquele que já saiu da adolescência. Pessoas  acima de 20 anos de idade que não conseguem se acostumar ao ritmo de  vida que a maioria está acostumada”, diz Luciano. Segundo ele, cerca de  5% da população sofre do transtorno da fase atrasada do sono em  diferentes graus e apenas uma pequena parcela acaba se adaptando à  rotina contemporânea. 
O pesquisador conta também que,  além do preconceito sofrido pelos pais, professores e, mais tarde, pelos  colegas de trabalho, o vespertino sofre de problemas psiquiátricos com  maior frequência: depressão, bipolaridade, hiperatividade, déficit de  atenção são os mais comuns. Além disso, a privação do sono profundo,  quando sonhamos, faz com que a pessoa tenha maior susceptibilidade a  vários problemas de saúde: no sistema nervoso, endócrino, renal,  cardiovascular, imunológico, digestivo, além do comportamento sexual.
O tratamento não envolve apenas remédios indutores do sono,  como se fosse uma insônia comum. É necessária uma terapia comportamental  complexa, numa tentativa de mudar o hábito, procurando antecipar o  horário do sono. Envolve estímulo de luz, atividades físicas durante a  manhã e principalmente um trabalho de reeducação.
E as  pessoas que têm o hábito de acordar às 4 ou 5 horas da manhã? “O lado  oposto do vespertino é o que a gente chama de avanço de fase. Só que  esse não tem o problema maior no sentido social. Ele está mais adaptado  aos ritmos sociais e profissionais. Os meus pacientes deste tipo têm  orgulho, já ouvi mais de uma vez eles dizendo ‘Deus ajuda quem cedo  madruga’”, diz o neurologista.
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